Como forma de inaugurar este projeto, gostaria de apresentar um receio que tive—um que quase me impediu de iniciá-lo: o medo de não ser original o suficiente.
Para contextualizar, estou na casa dos 20 anos no momento em que escrevo este texto. E, logicamente, sei pouquíssimo sobre qualquer coisa—ainda não tive o tempo para adquirir muitas experiências e sabedoria. Nos últimos 2 anos tenho dedicado meu tempo a estudos sobre religião, teologia, filosofia e outros assuntos relacionados. Portanto, eu de forma honesta me perguntei “o que posso agregar num blog cujo tema central é religião, se só comecei a aprender sobre isso agora?”.
Para responder a esse questionamento, vejamos os evangelhos:
Estando ele [Jesus] a caminhar junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. Disse-lhes: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”. Eles, deixando imediatamente as redes, o seguiram.
–Mateus 4, 18-20
Pedro, que em breve se tornaria um de seus principais discípulos, não foi chamado por sua grande capacidade intelectual. E perceba que seria incorreto afirmar que Pedro não tinha necessidade da capacidade intelectual—veja, em Atos 2, como foi Pedro quem realizou o discurso à multidão com a finalidade de convencer os homens de Jerusalém que os apóstolos estavam inspirados pelo Espírito. Se há alguém que poderia ter se beneficiado de uma forte formação teológica e dialética, esse alguém teria sido Pedro—e, mesmo assim, Jesus preferiu chamar um pescador do que um grande estudioso para ser o seu mensageiro.
Por que, então, Jesus escolheu pessoas simples como Pedro? Vejamos outro trecho do evangelho:
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte. Nem se acende uma lâmpada e se coloca debaixo do alqueire, mas na luminária, e assim ela brilha para todos os que estão na casa. Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas obras, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus.
–Mateus 5, 14-16
Que padrão vemos? Jesus recompensa as pessoas que sabem? Não necessariamente. Jesus recompensa as pessoas que fazem. Pois aquele que aprende apenas para si mesmo, e não usa seu conhecimento para servir a Deus e aos outros, é como alguém que acendeu uma lâmpada e a escondeu debaixo de um móvel. E assim entendemos que Pedro não foi escolhido por sua educação como pregador eloquente ou como teólogo, mas como servo: porque Deus sabia que ele teria a atitude necessária quando o devido momento chegasse.
De que forma, então, eu agrego? Certamente não com as minhas palavras. Pois não tenho conhecimento, e sem conhecimento não tenho sabedoria, e sem sabedoria minhas palavras são ineficazes. Mas com minha fé e servitude: estou disposto a vir e mostrar que mesmo um tolo, se disposto a agir, pode inspirar outras pessoas. Sirva a Deus da forma que lhe for possível: escreva, pregue, faça caridade. Se não estiver sendo original, faça assim mesmo: a verdade precisa ser vivida, relembrada e reafirmada para todos e de todas as formas. Portanto, levante-se e faça.