No último domingo estive em uma Santa Missa que me entristeceu profundamente, pois percebi muita falta de reverência com Deus: músicas agitadas, palmas e acenos de mão em diversos momentos durante as músicas, conversas paralelas, além de outros gestos exagerados ou apressados.
Por favor, eu peço que todos reflitam: a Santa Missa é uma festa social? É uma performance? Não! A Santa Missa é um momento de adoração e sacrifício. E como devemos nos portar para adorar Deus da forma mais adequada e com todo o nosso coração? É necessário que tenhamos cuidado, porque barulhos e gestos exagerados podem distrair nossa atenção, que se desviará de Cristo no altar para dar lugar a esses barulhos e gestos.
É fácil perceber como barulhos nos distraem, basta vermos o exemplo da nossa própria vida prática: estamos constantemente expostos a barulhos das cidades, ou altos fluxos de informação nas redes sociais, entre várias outras preocupações que alagam nossa mente. Isso nos leva a perder nosso foco em atividades diversas como orações, leituras e estudos. E, ainda assim, estamos fazendo o mesmo com a nossa Igreja! Vocês não sentem a necessidade de uma pausa após uma semana com tanto agito? Por que não usar a nossa Santa Igreja Católica como uma oportunidade de conseguir essa pausa e ter um diálogo íntimo com Deus? Podemos fazer isso ressuscitando o senso de mistério e beleza da liturgia. Vejamos uma fala recente do nosso Papa Leão XIV:
A Igreja precisa de vós! Como é grande a contribuição que o Oriente cristão nos pode oferecer hoje! Quanta necessidade temos de recuperar o sentido do mistério, tão vivo nas vossas liturgias, que abrangem a pessoa humana na sua totalidade, cantam a beleza da salvação e suscitam o enlevo pela grandeza divina que abraça a pequenez humana!
–Discurso do Papa Leão XIV aos participantes no Jubileu das Igrejas Orientais, 14 de maio de 2025
Lembremos também como Jesus criticou os fariseus por praticarem gestos vazios e violarem a lei de Deus com suas tradições distorcidas:
“[…] E assim invalidastes a Palavra de Deus por causa da vossa tradição. Hipócritas! Bem profetizou Isaías a vosso respeito, quando disse:
Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. Em vão me prestam culto, pois o que ensinam são apenas mandamentos humanos.”
–Mateus 15, 6-9
Deus não vê todos os corações a todos os momentos? Então que valor tem um gesto vazio? O que nós precisamos é de autenticidade. E, se já entendemos que distrações excessivas distorcem o valor da Santa Missa, então entendemos que autenticidade, nesse caso, é agir com simplicidade e uma devoção genuína.
Se você não se sente no poder de fazer mudanças ou não sabe por onde começar, eu digo que você tem mais poder do que imagina:
- Sirva de exemplo e aja com profunda reverência em seus gestos—mesmo se você for o único (não para se exibir e nem por performance, mas por devoção, respeito e amor a Deus). Faça gestos simples, mas que genuinamente representem algo para você e que estejam de acordo com as recomendações oficiais da Igreja (na dúvida, pergunte e compreenda antes de fazer).
- Estabeleça limites e trate a Igreja como o ambiente sagrado que ela é.
- Dialogue com seus padres e bispos, permita que sua opinião seja ouvida.
- Não permita que você seja levado pelo medo de não estar socialmente integrado aos outros que estão agindo de forma menos reverente, pois durante a Santa Missa sua única preocupação e foco deve ser Deus.
Por fim, como recomendação, deixo um vídeo que mostra um pouco da liturgia eucarística bizantina (formato litúrgico oriental que, como mostrado acima, foi elogiado pelo nosso Santo Padre). Vejam: